quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

No elevador com o filho de Deus

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas

Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento

Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.
Elisa Lucinda

Vippe vídeo especial

Para assistir o vídeo com depoimentos do elenco de Astraças e convidados do coquetel no Fra´s café,clique no link abaixo:

http://www.vippe.com.br/vippetv/027/index.htm

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Astraças e suas quinzenas

Panâ Paná Cia de Arte apresenta o espetáculo teatral "Astraças e suas quinzenas", texto de Debora Brenga, direção Xavier Filho, até dia 20/Fevereiro, sábados e domingos às 19hs e 21hs, no Chalé Francês, Sorocaba, com entrada gratuíta. Pra quem não sabe o Chalé fica em frente a estação ferroviaria.
IMPERDÍVEL!!!!!!!!!

Andei longe...voltei hoje

Andei longe, sem tempo nem inspiração. Agora estou voltando e dando uma arrumada aqui.
Por isso ainda estou postando coisas que foram importantes pra mim no ano passado.
Uma delas foi o espetáculo Os que Chegam com a Noite.
Tema pulsante, elenco dedicado, diretor ousado. Adorei, Mario Pérsico, e quero continuar no projeto,quando acabarem meus compromissos. Quem sabe, porque não, de uma montagem número 3?
Registros pra lembrar e guardar!!!!
São fotos maravilhosas, declarados sentimentos...



















Atriz e personagem

UMA AMOSTRA DELICIOSA

Regina = Catarina

M Helena = Judite





Carmem = Marcela


Sol = Flora


Lidi = Alba

Coquetel de Lançamento do Espetáculo Astraças e suas quinzenas

Foi no Fran´s Café, dia 20 de Janeiro.




As panelas e Astraças


Se você recebesse de sua irmã uma panela velha como herança, o que faria? Celebraria fazendo o prato predileto dela? Buscaria na lembrança tudo o que viveram ao redor e longe daquela panela velha? Ou simplesmente, por consideração, a deixaria guardada no fundo do armário até que outra pessoa a colocasse no lixo?

Parece irreal receber uma panela velha de herança... Mas o fato é que um dia isso aconteceu e tornou-se o mote para a criação dramatúrgica assinada por Débora Brenga. “Astraças e suas quinzenas” cumprirá uma temporada de apresentações em Sorocaba, no espaço cultural Chalé Francês.



Estive no lançamento do espetáculo, no Frans Café, ao qual compareceram autoridades da cultura, artistas, amigos e familiares dos envolvidos na produção. Foram montadas instalações com as panelas, o figurino e as fotos do processo criativo.
Minha impressão: a apresentação de Débora Brenga revelou uma mulher poética, de reflexões profundas, observadora da vida, apaixonada pela obra concebida, encantada com a natureza humana tão densa, envolvida em sombra e luz, conflitos e pureza, tão nua e tão escondida.




“Cinco mulheres que sonham sonhos secretos demais e vivem sob o mesmo teto e partilham problemas reais e não tão reais assim, cujo entorno parece perdido no mundo, em um tempo escuro por demais. Cinco mulheres vivas ou mortas, loucas ou equilibradas, rudes ou sensíveis demais, que tentam entender esse mundo e essa vida que as cerca, às vezes luminosa, às vezes sombria demais. Porque tudo na vida e na morte das mulheres claras da Família Astraças é sempre por demais”, assim Débora define as personagens.


Acredito que encontraremos nesta peça teatral vestígios da nossa realidade, histórias que ouvimos, sentimentos que nos marcaram, pessoas que conhecemos, sonhos e ilusões que tivemos. Apesar de a história se passar durante a pós-abolição, os figurinos serem de época e a maneira de falar de outro século, os conflitos das mulheres da Família Astraças são atemporais.



Vale destacar o local da apresentação. O charmoso Chalé Francês restaurado recentemente, com certeza, nas suas paredes, invisíveis, estão marcas do tempo e de pessoas que passaram por ele. Aliás, o lugar tem capacidade para 40 pessoas, porém, o espaço cênico montado e a interpretação, acredito, poderão compensar a falta de mais lugares.





Uma novidade foi o ator Jairo Leme se apresentar como Xavier Filho. Além de atuar, ele assina a concepção e a direção do espetáculo. Esta “dualidade” atiçou minha curiosidade. Xavier Filho e Jairo Leme são a mesma pessoa?! O que Xavier diz de Jairo e vice-versa? Enfim, brincadeira à parte, de fato gostaria de saber!



Ah! Muito legal a proposta de diálogo entre duas expressões presentes na montagem: cinema e teatro. Um começa e outro termina, se misturam, trocam de lugar, se relacionam.



Eu disse no início da postagem que o mote da história é real. Aconteceu assim: um testamento do século 17 é rapidamente citado no livro “O Rosto de Shakespeare”, de Marjorie Garberm que diz: “(...) uma tal de Katherine Sampson que morreu em 1682 assim distribui suas quatro panelas de aquecer, que eram usadas com brasas para aquecer os lençóis... no inverno: a melhor delas fica para a irmã mais velha, a segunda melhor, para a segunda irmã, e assim vai até a quarta. Quatro panelas para quatro irmãs”.



O convite está feito: “Astraças e suas quinzenas”, texto de Débora Brenga e direção de Xavier Filho. Primeira montagem do grupo Panã Paná Cia. de Arte, patrocinada pela LINC – Lei de Incentivo à Cultura. Apresentações até 20 de fevereiro, sábados e domingos, em duas sessões: 19h00 e 21h00, entrada gratuita (o convite deverá ser retirado 30 minutos antes do espetáculo). Local: Chalé Francês, na Rua Souza Pereira, em frente à estação ferroviária.



E Débora Brenga, uma pergunta que espero resposta: por que "Astraças"?



Abraço, até a próxima semana.

Andréa Freire

Obrigada Andréa, muito bacana sua matéria!!!!!!!



“Astraças e suas quinzenas” – Panã Paná Cia. De Arte


Elenco: Solange Solis [Flora]; Maria Helena Barbosa [Judite]; Regina Claro [Catarina]; Carmem Machado [Marcela]; Lidi Nascimento [Alba] e Jairo Leme [Ernesto].


Texto: Débora Brenga. Preparação Corporal: Regina Claro. Preparação vocal: Mariane Gusmão. Trilha original: João Leopoldo. Cenografia: Alexandre Carvalho. Assessoria de Moda: Jéssica Pássaro. Costura: Zinha Bordieri. Edição de Imagens: Olívia Brenga. Operação de Som: Isadora Lomardo. Fotos: Digon Diniz. Produção Administrativa: Lidi Nascimento. Produção executiva: Ricardo Devito. Assistência de Direção: Chico Ribeiro. Concepção e Direção: Xavier Filho.

Uma história de cinco mulheres claras, mas nem por isso solares, cujo chão é fértil demais, num clima frio por demais. Cinco mulheres que sonham sonhos secretos demais e vivem sob o mesmo teto e partilham problemas reais e não tão reais assim, cujo entorno parece perdido no mundo, em um tempo escuro por demais.
Cinco mulheres vivas ou mortas, loucas ou equilibradas, rudes ou sensíveis demais, que tentam entender esse mundo e essa vida que as cerca, à vezes luminosa, às vezes sombria por demais.
Porque tudo na vida e na morte das mulheres claras da Família Astraças é sempre por demais.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Burburinho de vida
Ando pela estrada...
terra batida,pé no chão
Burburinho escuto,
Queda dágua branquinha
Dou em águas cristalinas.
Mais um pouco caminho
Aroma de flores sinto
Rolo na grama molhada e
mais um tantinho
dou no mar.
Imensidão de energia e luz!
Vento bate, cabelos voam
sonhos e agradecimentos.
Abraço a árvore
Encontro abrigo
Suspiro, com gosto de paz!
É Lindo!


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quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Tudo de bom!
http://www.youtube.com/watch?v=h8tLI1YuaYQ
Pra essas mulheres que acontecem!

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quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Buááá
Ando correndo tanto...
Estou acabada! Porém feliz!
Hoje levei Clarinha na clínica e saí chorando. Não queria deixá-la sozinha.
Tive alguns compromissos, mas minha cabeça não saía de lá. Só sosseguei quando fui vê-la a noite e estava tudo bem. Agora vem a parte pior, mas faz parte. Quero declarar o meu amor por ela e o meu desejo é que tudo volte a ser como era antes!

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terça-feira, 7 de setembro de 2010
À Sated
Grito de uma atriz amadora
Parodiando Belchior...Tô sem paciência....Tolerância Zero




Eu estou muito cansada
Do peso da minha cabeça,
Desses anos passados, presentes
Vividos entre o sonho e o som
Eu estou muito cansada
De não poder falar palavra
Sobre essas coisas sem jeito
Que eu trago no peito
E que eu acho tão bom.
Eu não estou interessada em nenhuma teoria,
A minha alucinação é suportar o dia-a-dia,
E meu delírio é a experiência com coisas reais
Amar e mudar as coisas me interessa mais
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro

Eu quero é que esse canto torto feito faca
Corte a carne de vocês

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Estou a perigo....

Preciso de saúde!!!!
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O teatro me salva!!!!!

Pra aguentar o tranco,cobranças,
injurias, ingratridões...
A falta de espaço, de tempo,de ar
Preocupações
Viva! Tenho um personagem!

Pra tolerar o outro
entender
penetrar
Consentir
Viva! Tenho um personagem!

Pra reagir
inserir
refazer
remoçar
Viva! Tenho um personagem!

Pra viver
criar
sonhar
fazer valer
Viva! Tenho um personagem!




Maria Helena Barbosa set/2010